Sempre gostou de futebol, desde pequenina, conta, e apesar dos pais não serem grandes adeptos da ideia insistiu no sonho. Iniciou a atividade física na natação, experimentou o futebol no Pedrulhense, que abandonou para se dedicar em exclusivo ao treino na piscina.

Mais tarde, aos 14 anos, e após dar nas vistas nos campeonatos interturmas, uma amiga desafiou-a a esquecer a vergonha, convidando-a a regressar ao contacto com a bola no Lordemão FC. “Estava a sempre a adiar por vergonha, mas o treinador, na altura, falou comigo e decidi aceitar”, lembra.

Só que o tempo não chegava para tudo. Além das aulas, Luana Marques treinava natação de manhã e futebol à tarde, conjugando as duas modalidades, também, ao fim de semana, o que a partir de determinada altura foi… “missão impossível”.

A opção pelo futebol foi complicada no início, já que na primeira época, no Lordemão FC, Luana Marques não recebeu luz verde dos médicos para jogar, já que teria de efetuar uma dupla subida de escalão, de modo a competir no escalão Sub 19. A temporada “em branco” não desmotivou a atleta da Seleção Nacional que mal entrou em ação foi chamada à Seleção Distrital e duas épocas depois, decidiu dar o salto para a UR Cadima.

Para trás, no Lordemão FC, deixou o futebol de 9 e abraçou o futebol de 11 numa UR Cadima em rota de subida para a 1.ª Divisão. “Tive um pouco de receio, mas correu bem. Evolui imenso, fruto dos treinos e dos jogos com equipas mais experientes”, afirma.

Sobre a convocatória para a Seleção Nacional Feminina Sub 17 que participa no Campeonato da Europa da categoria, que decorre na Bulgária de 5 a 17 de maio, Luana Marques confessa que ainda não acredita que foi convocada e que Portugal está no Europeu. “Só quando chegar à Bulgária é que vou ter a certeza”, disse.

A maior exigência no dia a dia na Seleção Nacional não é problema para a avançada da UR Cadima que atalha a questão com os “muitos benefícios em vários aspetos” que obtém, destacando o orgulho da família e das amigas em cada convocatória. “Quando não corre como desejo, sinto-me um pouco desmotivada para o futebol, mas é tudo isto que me ajuda a recuperar o ânimo e a regressar ao lado positivo”, explica.

Aluna do 11.º ano, Luana Marques conta o apoio e a compreensão dos professores para a ausência às aulas a que é forçada e que obrigam a trabalho suplementar com explicações e o apoio dos professores destacados pela FPF.

O estatuto de alto rendimento é considerado “muito positivo” pela atleta da Seleção Nacional que inclui o ensino superior como próximo passo da vida académica, ainda que a gestão da vida pessoal com o futebol e os estudos obriguem a uma disciplina férrea. “Devido às aulas e aos treinos chegou muito tarde a casa, por vezes, tento estudar alguma coisa e estou muito pouco tempo com a minha família, o que não é fácil”, considera.

O pai é a principal força e inspiração. “Quando era pequenina, via os jogos dele. Há alguns anos, ele lesionou-se num joelho e - em consequência disso – surgiu uma doença. Ele teve de deixar de jogar futebol e de fazer certas coisas. Essa situação motiva-me para continuar o meu caminho no futebol”.

Convidada a analisar a evolução do futebol feminino no passado recente, Luana Marques regista que, com o tempo, os jogos ficaram mais equilibrados e que aumentou o número de jogadoras, “o que é muito positivo”.

Por outro lado, jogar futebol, assegura, “é muito in” para as raparigas nos dias que correm, existindo enorme interesse por parte das colegas e dos colegas de escola quer pela carreira de Luana quer no Clube, quer na Seleção Nacional. “Ajudam-me muito com os apontamentos e as disciplinas porque sabem que jogo e que, por vezes, não posso ir às aulas ou estudar. E fazem perguntas, muitas perguntas”.

Com grupos muito difíceis, o Campeonato Europeu não será tarefa fácil para a Seleção Nacional Feminina Sub-17 que faz da “união” a força suplementar em cada desafio.

O trabalho de preparação foi intenso e Luana Marques, tal como as companheiras, está preparada para “conquistar alguma coisa” à semelhança do jogador de eleição: CR7. “É um exemplo. Nem podia ser outro!”, conclui.

Mário Nicolau